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quarta-feira, 17 de março de 2010

Língua Brasileira de sinais

UM OLHAR SOBRE A DIFERENÇA – INTERAÇÃO, TRABALHO E CIDADANIA

TRINDADE, G. R. G. N.; LUZ NETO, T. A.


INTRODUÇÃO

O tema proposto deste estudo trabalha com a seguinte problematização: de que tipo de corpo, cada classe dominante, nos diferentes momentos históricos, precisou? Que tipo de corpo valorizou e estabeleceu como modelo ou como padrão? Sendo assim, teremos quatro tese que serão submetidas ao processo de refutação ou confirmação:

I – No decorrer da história da humanidade, a forma como os homens e mulheres trataram e continuam tratando o corpo revestiu-se e reveste-se de uma quase total irracionalidade. Essa tese mostra o ser humano concebido de forma fragmentada, ora negando e ora supervalorizando o corpo em aspectos parciais. O corpo rebelou-se e continua rebelando. Segundo Weil “o corpo fala”, já Gaiarsa afirma que o “o corpo fala e fala demais”.

II – Esta irracionalidade revela-se numa certa padronização, estabelecida por diferentes critérios em diferentes momentos da história. Esta tese nos coloca diante do “mito do leito de Procrusto” que Brandão define como encurtamento ou alongamento de suas vítimas enquadrando-as em um padrão estabelecido de normalidade.

III – Só poderemos entender a história da humanidade se conseguirmos apreender como, nos diferentes momentos históricos, os homens foram atendendo a suas necessidades básicas, isto é, como construindo sua existência. O homem pode atender suas necessidades básicas e devem estar em condições de viver para poder fazer histórica. Segundo Engels o homem precisa em primeiro lugar comer, beber, ter um teto e vestir-se para depois então fazer política, arte e religião.

IV – (...) Em outras palavras, a diferença só será compreendida se inserida no amplo espectro do processo histórico de como os homens e as mulheres vieram atendendo suas necessidades básicas e, por decorrência, como vieram construindo sua existência. Essa tese vai nos defrontar com a forma de com os sujeitos de necessitados de um atendimento especial e até mesmo de educação foram vistos por outras sociedades.

MUNDO PRIMITIVO

Engels (1979) menciona que não devemos fazer uma análise com intuito de procurar vilões e heróis na própria história para entender o movimento de forma subjetiva.
Na sociedade primitiva a deficiência era tratada como um empecilho, em virtude da característica cíclica da natureza, onde os homens não tinham o controle sobre ela e os deslocamentos eram constantes e necessários. A forma de tratamento era a mesma independente do tipo e grau de necessidade, poderiam ser aleijados, cegos, surdos, coxos, paralíticos, etc. que a exclusão ocorreria da mesma forma. Os ditos “normais” sempre se referiam a um jargão de que “aquele que não tem competência não se estabeleceria” mostrando a idéia de “seleção natural”.

PERÍODO ESCRAVISTA

Esse período traz o homem como “corpus teórico”, onde o ócio é definido por Platão como “estar livre da necessidade de estar ocupado”.
Esse período era baseado na eugenia radical pela predominância da guerra, onde os corpos eram altamente valorizados através da ginástica, da dança, da estética, da beleza e da força e aos que não se encaixassem nesta padronização eram eliminados. A sociedade espartana valoriza e muito a mulher, porque partia da convicção que uma mulher bela e forte geraria um guerreiro belo e forte. Eles também entram em uma divisão a nível macro como os livres e escravos, passando então para a divisão a nível micro, que cabia a mente livre a parte digna, superior já o empecilho da mente cabe a execução de tarefas degradadas e degradantes.

PERÍODO FEUDAL

O paradigma ateniense é levado ao paroxismo pelo judaísmo-cristão, passando de uma visão corpo/mente para ser corpo/alma.
O sujeito que não se enquadra na normalidade ganha o direito à vida, porém passa a ser estigmatizado, porque a diferença passa a ser um sinônimo de pecado do corpo/carne. A divisão corpo/alma era rígida e de dubiedade terrível, pois ao mesmo tempo em que o corpo era visto como templo de Deus/alma era visto como oficina do diabo. Nesta época o termo “não normal” era visto como um sinal de Deus para alertar os homens ou propor a oportunidade de realizarem caridade.

PRODUÇÃO CAPITALISTA

A transição do período feudal para o capitalista trouxe mudanças profundas que repercutiram em todas as diretores e esferas sociais. Passa a ter uma produção material e espiritual. No século XVI acontece o divisor de águas, com a hegemonia burguesa na troca da visão teocentrismo, onde Deus é o centro de tudo passando para o antropocentrismo tendo o homem como o centro de suas ações e decisões. Homens e mulheres se tornam o cento do palco em relação a escrever, encenar e dirigir a construção de sua existência. Revolucionam a questão da igualdade que pode ser conquistada por meio dos instrumentos e aparelhos criados pelos próprios homens. O corpo é visto como uma máquina em funcionamento e a diferença para a ser associada a disfuncionalidade. O pensamento da burguesia era a luta pela igualdade, mas com o pensamento capitalista isto foi se perdendo. Gerando um pensamento especialista onde era exigida a melhor maneira de uma operação a ser executada. Chegando ao termo de “todos são iguais, mas há alguns que são mais iguais do que os outros”.

CONCLUSÃO
Ao longo da história podemos observar que o homem sempre discriminou o diferente, não importando a competência do indivíduo. Se ele era deficiente, em alguns casos não merecia a vida, em outros poderia viver, mas de forma humilhante. Fazendo uma correlação com os dias atuais podemos observar que a sociedade de uma forma geral vem se preocupando mais com os deficientes físicos e/ou intelectuais, isso demonstra que esses indivíduos estão conseguindo provar que uma deficiência não quer dizer que eles não são capazes.
Hoje os governantes se preocupam em formular leis que beneficiem as pessoas com necessidades especiais, por exemplo os ônibus adaptados, rampas de acesso, semáforos com sonorização. Essas ações possibilitam que o indivíduo com deficiência seja incluído em um contexto social. Vale lembrar que esses aspectos são apenas físicos e o que realmente importante é como a sociedade enxerga esses indivíduos.

Fonte: BIANCHETTI, L.; FREIRE, I.M. Editora Papirus

Um comentário:

  1. Eu li que é bom fazer isso mesmo... Colocar os artigos que estamos ultilizando em um blog...

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