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domingo, 7 de março de 2010

Teste de 6 minutos

TESTE DE 6 MINUTOS. POSSÍVEIS PARÂMETROS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROGRAMA DE CAMINHADA PARA IDOSOS

Tiago Antunes da Luz Neto, Frank Shiguemitsu Suzuki, Gyselle Renata Geromin do Nascimento Trindade, Ataíde Oliveira Filho, Bruno de Oliveira Trindade.

RESUMO

O objetivo deste artigo foi comparar as distâncias previstas pelas equações de Enright & Sherrill com as distâncias percorridas por idosos no teste de caminhada de 6 minutos (TC6M), por se tratar de uma avaliação simples, de fácil aceitação, baixo custo e pela possibilidade de ser realizada a qualquer hora do dia. Métodos: participaram do estudo 29 (vinte e nove) sujeitos, os quais foram submetidos à coleta de informações realizada em um centro de convivência. O TC6M avalia a partir da máxima distância percorrida pelo sujeito durante o período de 6 (seis) minutos, mostrando a padronização clássica de McGavin, Gupta e McHardy’s (1978). E define como o indivíduo corresponde às demandas físicas do cotidiano, que compreende desde as atividades básicas para uma vida ativa até as ações mais complexas da rotina diária. Resultados: Segundo a equação de Enright & Sherrill (1998), os idosos (6 homens) atingiram a média de 107,63% da distância prevista para cada um, as idosas (23 mulheres) atingiram a média de 104,38% da distância prevista para cada uma. Conclusão: Concluímos que o TC6M para idosos apontam possíveis parâmetros para elaboração de um programa de caminhada, através de um acompanhamento continuado para cada indivíduo; com isso, os resultados poderão ser melhorados.

Palavras-chave: teste de caminhada, idosos e atividade física.

ABSTRACT

The aim of this paper was to compare the estimated distances by the equations of Enright & Sherrill to the distance traveled by the elderly in the “6-minute walk test (6MWT)”, for being a simple, easily acceptable, low cost evaluation, besides the possibility of being performed at any time of the day. Methods: The study featured 29 (twenty nine) individuals, so they should provide several info for a research which was held in a daycare center. The 6MWT evaluates from the maximum distance traveled by the individual within 6 (six) minutes, showing the McGavin, Gupta e McHardy classic standard (1978). It defines how the individual matches to the physical demands of everyday life, which ranges from basic activities for an active life to the more complex actions of a daily routine. Results: According to the Enright & Sherrill´s equation (1998), elderly (6 men) reached an average of 107.63% of the estimated distance for each one, the elderly (23 women) reached an average of 104.38% of the estimated distance for each one. Conclusion: We conclude that 6MWT for the elderly indicates possible parameters for developing a walking program, through a continuous monitoring for each individual; being so, the results could be improved.

Key words: walk test, the elderly and physical activity

INTRODUÇÃO

O teste de caminhada de 6 minutos (TC6M) é a forma mais simples de avaliar idosos, pois utiliza-se movimentos do cotidiano (o caminhar), para verificação do desempenho físico (BARATA, GASTALDI e MAYER, 2005). Esse teste pode ser realizado a qualquer hora do dia, não necessitando de materiais sofisticados e tem fácil aceitação por parte dos idosos. Para grande parte dos sujeitos o TC6M é um teste submáximo da capacidade cardiovascular, uma vez que a pessoa tem autonomia para ditar seu ritmo, sendo permitida a parada (descanso) durante a execução do mesmo (RODRIGUES, 2002)

O TC6M tem sido comumente usado para a verificação da capacidade cardiovascular ao exercício e a sua utilização nesta pesquisa tem por objetivo verificar a capacidade dos sujeitos em realizá-la, mensurar a distância alcançada e as alterações de pressão arterial e frequência cardíaca. (PEDROSA, 2009)

Também observamos que as respostas são de âmbito global e integrada aos sistemas envolvidos durante o exercício, incluindo o sistema cardiovascular e respiratório, as circulações sistêmica e periférica. Para avaliação específica do sistema envolvido deverá ser realizado teste de desempenho máximo.

O TC6M é uma adaptação do teste de corrida de 12 (doze) minutos de Cooper. Burtland et al. (1982) demonstrou que o teste de 6 (seis) minutos seria o suficiente para demonstrar o mesmo resultado que o teste de 12 (doze) minutos.

O exame é limitado por tempo e pode ser utilizado / realizado a qualquer hora do dia. Os sujeitos são posicionados em corredores, ou em pistas, com superfície lisa. É uma avaliação da capacidade funcional de componentes específicos como de equilíbrio em pé, força muscular e marcha. (CAMARA et al, 2008).

Surgiu com o objetivo de avaliar a funcionabilidade dos portadores de doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC). E definir como o indivíduo corresponde às demandas físicas do cotidiano, que compreende desde as atividades básicas para uma vida independente até as ações mais complexas da rotina diária. O teste foi realizado por Barata, Gastaldi e Mayer (2005), Rodrigues (2002), Marino et al. (2007) e Rodrigues, Mendes e Viegas (2004) como uma das principais formas de avaliar a capacidade de exercícios em diversas condições clínicas.

Apesar de ser um teste de fácil aplicação, não se encontram relatos a respeito da eficácia do TC6M para verificação de capacidade física de pessoas que não possuem doenças respiratórias.

Enright e Sherrill (1998) ressaltam que a distância máxima percorrida no TC6M realizada em pessoas saudáveis gira em torno de 400 a 700 metros e acrescentam que a distância máxima percorrida ao final do TC6M provou eficácia na avaliação da morbidade e mortalidade em pacientes portadores de doenças pulmonares e/ou cardiovasculares, principalmente aqueles que percorreram uma distância inferior a 300 metros.

Sendo assim surgiu-nos um questionamento : Como o teste de caminhada de 6 (seis) minutos pode servir de parâmetro para elaboração de um programa de caminhada para idosos?

DESCRIÇÃO METODOLÓGIA

Participaram da nossa amostra 29 idosos sem restrições médicas, sendo 6 homens e 23 mulheres, não institucionalizados e com idade entre 62 a 83 anos (Tabela 1). Os participantes foram selecionados por busca ativa em um centro de convivência. Todos os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE).

Este estudo é parte integrante do Grupo de Estudo e Pesquisa em Atividade Física no Envelhecimento (GREPAFE-NOVE), já aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisas em Humanos da Universidade Nove de Julho. Os critérios de inclusão: idosos de ambos os sexos com idade igual ou superior a 60 anos, sem qualquer restrição médica. Os critérios de exclusão: ter idade inferior a 60 anos, possuir alguma restrição médica e não estar em dia com o atestado médico, ou não querer participar do teste por questões pessoais.

Tabela 1. Caracterização da amostra.

TOTAL

HOMENS

MULHERES

NÚMERO

29

6

23

Idade (anos)

71

70

73

Distância (metros)

438,75

489,75

437,97

Dados referentes à idade e distância expressos como média.

AMOSTRAS

** Modelo de Enright & Sherrill

Sujeito

Sexo

Idade

Altura

Peso

Distancia prevista

Distancia percorrida

%

A

M

66

173

67,4

550,67

445,5

80,9

B

M

62

160

71,3

465,47

610,53

131,16

C

M

64

161

59,7

483,42

511,4

105,79

D

M

77

160

66,5

398,62

412,27

103,48

E

M

80

168

76,5

426,52

478,53

112,19

F

M

71

163

85

418,89

470,25

112,26

G

F

74

159

92,8

362,26

313,58

86,54

H

F

79

157

64,2

394,63

429

108,71

I

F

64

157

84,1

435,76

453,75

104,13

J

F

66

149

72,4

434,11

511,5

117,83

K

F

74

155

81,2

380,38

134,47

134,47

L

F

78

146

37,2

439,03

379,56

86,44

M

F

72

148

57,5

431,45

297

68,84

N

F

69

144

57,4

440,57

577,59

131,08

O

F

66

146

49,9

479,31

610,5

127,37

P

F

67

162

77,2

444,77

478,52

107,58

Q

F

64

154

69,7

462,41

660

142,73

R

F

70

148

70

414,38

627

151,31

S

F

65

153

80

430,93

363

84,24

T

F

75

157

65,3

415,23

313,5

75,50

U

F

75

157

65,3

415,23

313,5

75,50

V

F

77

149

63,8

390,23

561

143,76

W

F

77

145

67,5

373,32

330

88,40

X

F

72

139

40,5

451,39

429

95,04

Y

F

76

148

46,7

433,06

396

91,44

Z

F

66

149

72,4

434,11

511,5

117,83

AA

F

72

145

74,1

387,10

412,5

106,56

BA

F

69

145

72,1

409,02

445,5

108,92

CA

F

75

152

69,9

394,15

247,5

62,79

PROTOCOLOS UTILIZADOS

Foi utilizado o teste de caminhada proposto por Burtland et al. (1982) com a equação para verificação dos resultados de Enright & Sherrill (1998).

HOMEM

ü Distância prevista = (7,57 x altura cm) – (5,02 x idade) – (1,76 x peso kg) – 309m

MULHER

ü Distância prevista = (2,11 x altura cm) – (2,29 x peso kg) – (5,78 x idade) + 667m

Foi solicitado aos sujeitos analisados neste estudo que comparecessem ao local do teste utilizando seu calçado e roupas habituais. O TC6M foi realizado no período da tarde, com 3 (horas) de duração, em pista retangular de 5,5m (cinco metros e cinquenta centímetros) de comprimento e 2,75m (dois metros e setenta e cinco centímetros) de largura, perfazendo um total de 16,5 (dezesseis metros e cinquenta centímetros) de distância, em local fechado, com pouco barulho, bem iluminado e arejado.

Os materiais utilizados para a realização do teste foram: fita de segurança zebrada, fita dupla face, balança Toledo modelo 2096 PP (antro pedométrica) capacidade 150 Kg divisões de 100 gramas, cronômetros, fita métrica, pranchetas, aparelho de pressão arterial digital automático de pulso, esfigmomanômetro, estetoscópio.

Antes de iniciarmos o TC6M, verificamos a vestimenta dos sujeitos e foi instruído sobre como o seria realizado o teste de caminhada de 6 (seis) minutos (TC6M) e se estavam com roupas e calçados confortáveis / habituais para a avaliação e que, caso apresentassem algum desconforto respiratório, dor no peito ou dor muscular forte, poderia diminuir a velocidade e até mesmo parar. Caso isso acontecesse, o cronômetro permaneceria ativado. Instruímos aos sujeitos analisados que andassem o mais rápido possível.

Em seguida, posicionamos o mesmo em uma pista retangular e o orientamos a percorrer a maior distância possível durante 6 (seis) minutos, sendo permitidas pausas para descanso ou atendimento caso sinta fadiga extrema, mal estar, ou qualquer outro fator que limite a continuidade do teste. Mesmo durante as pausas, o cronômetro deverá marcar o tempo total do exercício. O ritmo da caminhada será determinado pelo próprio idoso.

Ao final dos 6 (seis) minutos a distância foi registrada e analisada na equação de Enright & Sherrill (1998). Ao início e término de cada TC6M foram monitoradas as pressões arteriais e as frequências cardíacas.

DESCRIÇÃO DOS RESULTADOS

O teste de caminhada foi bem aceito pelos sujeitos analisados. Não houve alterações significativas dos parâmetros monitorados após o teste ou ocorrências de eventos inesperados durante sua realização. Segundo a equação de Enright & Sherrill (1998), os idosos (6 homens) atingiram a média de 107,63% (cento e sete virgula sessenta e três por cento) da distância prevista para cada um; as idosas (23 mulheres) atingiram a média de 104,38% (cento e quatro virgula trinta e oito por cento) da distância prevista para cada uma. Comparado com o teste de Barata, Gastaldi e Mayer (2005) os idosos avaliados tiveram desempenho médio superior.

Segundo os testes de Marino et al. (2007), a distância média alcançada foi 415,75m (quatrocentos e quinze metros e setenta e cinco centímetros) utilizando a equação de Enright & Sherrill (1998) em homens somente, comparado com os idosos analisados, também tiveram desempenho superior médio maior de 489,75m (quatrocentos e oitenta e nove metros e setenta e cinco centímetros). O teste de caminhada de 6 (seis) minutos demonstrou um bom indicador da avaliação para os idosos.

Quando aplicamos a equação de Enright & Sherrill (1998), constatamos que a distância mínima para os 6 (seis) idosos foi de 412,5m (quatrocentos e doze metros e cinquenta centímetros) e a distância máxima foi de 610,5m (seiscentos e dez metros e cinquenta centímetros), já para as 23 (vinte e três) idosas foi constatado a distância mínima de 231m (duzentos e trinta e um metros) e a distância máxima foi de 660m (seiscentos e sessenta metros).

A análise de correlação entre as distâncias percorridas e as previstas foi coletada e analisada separadamente. Segundo Enright & Sherrill (1998), a distância média prevista para os idosos seria de 457,26m (quatrocentos e cinquenta e sete metros e vinte e seis centímetros) e o realizado foi 488,08m (quatrocentos e oitenta e oito metros e oito centímetros), demonstrando que a distância percorrida pelos idosos foi superior a distância prevista. Para as idosas, a distância média prevista foi de 419,68m (quatrocentos e dezenove metros e sessenta e oito centímetros) e a percorrida foi de 425,89 (quatrocentos e vinte e cinco metros e oitenta e nove centímetros). A comparação mostrou que a distância percorrida pelas idosas foi superior a distância prevista, assim como, as dos idosos.

Em relação à distância percorrida, nossos resultados concordam com os valores de referência para indivíduos saudáveis sugeridos por Enright & Sherrill (1998); mesmo sem encorajamento verbal durante o TC6M, houve melhora na distância percorrida com relação à distância prevista tanto para os idosos como para as idosas. Os resultados dos testes mostraram que os idosos brasileiros ultrapassaram os idosos analisados por Enrigth & Sherrill com relação à distância prevista e percorrida.

No que se refere às variáveis frequência cardíaca e percepção do esforço muscular (escala de Borg), não observamos diferenças relevantes em cada teste analisado. Isto sugere que o grau de esforço desenvolvido pelos sujeitos foi plausível e corrobora a hipótese de que o fator determinante para o aumento significativo seja a questão saudável de cada sujeito.

CONCLUSÃO

Concluímos que os sujeitos avaliados no TC6M mostraram grande relevância para possíveis parâmetros para elaboração de um programa de caminhada para os idosos. No que se refere à relação distância percorrida “X” e distância prevista, o teste demonstrou que indivíduos saudáveis conseguem ultrapassar as distâncias previstas por Enritgh & Sherrill (1998); no caso de pessoas pneumopatas, o teste também demonstra que é necessário acompanhamento dos indivíduos. Segundo Enritgh & Sherril, caso o sujeito alcance uma distância inferior a 400 (quatrocentos) metros, o mesmo não é considerado saudável.

Dos dados coletados, cerca de 30% (trinta por cento) do total de participantes percorreram distância inferior a 400 (quatrocentos) metros, sendo todas mulheres. A equação de referência de Enright & Sherrill apresenta, em alguns casos, distâncias previstas para as mulheres maiores que para os homens.

Com o acompanhamento continuado e a prescrição de um programa de caminhada adequado para cada indivíduo, os resultados poderão ser melhorados. Isso demonstra que o TC6M pode ser utilizado como parâmetro de análise não somente de idosos com DPOC, como também em idosos considerados saudáveis.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

BARATA, V. F.; GASTALDI, A. C.; MAYER, A. F. Avaliação Das Equações De Referência Para Predição Da Distância Percorrida No Teste De Caminhada De Seis Minutos Em Idosos Saudáveis Brasileiros. Revista Brasileira de Fisioterapia, vol. 9, n. 2, p. 165 - 171, 2005.

BURTLAND RJ, PANG J, CROSS ER, WOODCOCK AA, GEDDES DM. Two-six, and 12-minute walking test in respiratory disease. BMJ 1982;284:1607-8.

CÂMARA, F. M.; GEREZ A. G.; MIRANDA M. L. J.; VELARDI, M. Capacidade funcional do idoso: formas de avaliação e tendências. Acta Fisiátrica. 15(4): p. 249 – 256, 2008.

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MARINO, D. M.; MARRACA, K. T.; LORENZO, V. A. P.; JAMAMI, M. Teste de caminhada de seis minutos na doença pulmonar obstrutiva crônica com diferentes graus de obstrução. Revista Brasileira de Medicina do Esporte. vol. 13, n.2 – Mar /Abr, 2007.

MCGAVIN CR, GUPTA SP, MCHARDY GJR. Twelve-minute walking test for assessing disability in chronic bronchitis. Br Med J 1976;1:822-3.

PEDROSA, R. H. G. Correlação entre os testes da caminhada, marcha estacionária e tug em hipertensas idosas. Revista Brasileira de Fisioterapia. 2009.

RODRIGUES, S. L. Estudo de correlação entre provas funcionais respiratórias e o teste de caminhada de seis minutos em pacientes portadores de doença pulmonar obstrutiva crônica. Jornal Brasileiro de Pneumologia. vol.28 n.6 - Nov./Dec, 2002.

RODRIGUES, S. L.; MENDES, Helder Fonseca e; VIEGAS Carlos Alberto de Assis. Teste de caminhada de seis minutos: estudo do efeito do aprendizado em portadores de doença pulmonar obstrutiva crônica. Jornal Brasileiro de Pneumologia. 30(2). p. 121 - 125, 2004.

Tiago Antunes da Luz Neto (Uninove)

Frank Shiguemitsu Suzuki (Uninove, Unicastelo e USJT)

Gyselle Renata Geromin do Nascimento Trindade (Uninove)

Ataíde Oliveira Filho (Uninove)

Bruno de Oliveira Trindade (Uninove).

Órgão de fomento a pesquisa PIBIC/FAPIC.

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